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Planeta Sustentável

domingo, 7 de junho de 2015

APESAR DE TUDO...







Maria Inez Rodrigues Pereira




Olha o que me fizeram... bateram, xingaram, maltrataram, desprezaram... Colocaram em meus ombros toda culpa da corrupção, da mentira, da arrogância, da falta de sensibilidade, da incompreensão e da insubordinação.


Durante muitos anos fui tratado com indiferença, mas mesmo assim, ouviam minhas reivindicações. Minhas súplicas eram por uma educação de qualidade e por um ensino que me fizesse ser reconhecido  como “o cara”, “o mestre”, a pessoa que iria mudar a vida de tantas outras pessoas.  Que decepção!

Hoje, me encontro combalido, humilhado, ultrajado, desrespeitado em meus direitos de cidadão trabalhador, em meus direitos de PROFESSOR.

A sociedade não me enxerga mais com respeito e com admiração, pois se deixaram iludir por aqueles que inventaram mentiras a meu respeito, dizendo que não sou bem preparado, que não tenho condições de ensinar com qualidade.

Fui subjugado por aqueles ardilosos  da política que se dizem detentores do poder e, de forma  mentirosa, espalharam que não mereço o salário que recebo. Quem me dera receber o salário que me atribuíram... se bobear, nem trabalhando até o fim da minha vida receberei tal prêmio.

Entretanto, minha súplica por uma escola de qualidade, por condições dignas de trabalho, por direitos conquistados e garantidos e por salários dignos vão continuar, mesmo que queiram me calar, mesmo que queiram me derrubar, mesmo que queiram me destruir, mesmo que queiram me impedir de ensinar.

A dignidade de um professor não está no local de trabalho e no salário que recebe, mas no seu caráter e no seu profissionalismo.  No seu respeito para com o aluno, na qualidade e no jeito com que ensina.

 Não há de ser uma injustiça praticada por homens de gravata que irá me derrotar. Não serei abatido por leis inconsequentes e abomináveis que detonam direitos e impõem o desalento. Serei mais eu na escola, serei mais professor, mais orientador, mais educador, mais formador, mais ensinador...  apesar de tudo.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

PARA NÃO ESMORECER



Foto: Tiquinho - confronto dia 29/04/15 em Curitiba

        Maria Inez Rodrigues Pereira

A unidade é a forma de organizar o trabalho para um único objetivo. Nós profissionais da educação, a partir da nossa união, gritamos e dividimos os problemas que temos. Ao gritar, precisamos ter atitude. Atitude para questionar aquilo que está nos incomodando. Não podemos ficar indiferentes e abrir mão da nossa capacidade de conhecermos mais e pensar sobre o que nos causa indignação e repúdio nas atitudes das pessoas que deveriam estar do nosso lado pra nos defender. Entretanto, a ética não nos permite acusar ou difamar os que se escondem na alienação da falta de compromisso. Mas, é essa falta de compromisso que impede a unidade de um grupo ou do coletivo na conquista de um objetivo.
A greve dos professores paranaenses é um exemplo aos olhos do mundo de uma unidade nunca vista antes por uma categoria que clama por seus direitos. Uma categoria que está incomodando alguns políticos e que está chamando a atenção da população paranaense para os desmandos de um governador que se acha o dono do Estado. Nossa luta e nossa atitude estão buscando novas possibilidades de mudança para a Educação e para as unidades escolares, bem como lutando pela garantia de nossos direitos trabalhistas, além de melhores condições de trabalho. Não podemos nos acomodar. Não podemos dar ouvidos aos ruídos que querem quebrar essa unidade, pois, esses ruídos só têm um único objetivo, que é o de provocar desencontros e desunião, para que não se chegue a lugar algum. Precisamos ter claros os pontos que nos unem para permanecermos unidos e ainda mais fortalecidos.
Lembremo-nos de um pensamento de Hans Jonas (1979),  que diz: “Cuidado com o que você faz porque isso poderá impedir o que as próximas gerações precisarão para viver”.  Então, não sejamos indiferentes aos problemas de nossa categoria e a tudo o que estamos enfrentando, achando que isso não vai te ferir, ou ferir os novos colegas que virão.  A responsabilidade em seguir adiante numa luta que é de todos pode fazer a diferença na Educação de nossos alunos e das futuras gerações, bem como no plano de carreira de todos nós e dos futuros colegas professores.
Não nos esqueçamos, também, de que estamos ministrando uma aula prática de consciência política e de cidadania. E que nesta aula, que está acontecendo nas ruas de todas as cidades do Paraná, precisa ser compreendida como o ato  de promover a Educação de nossos alunos de forma mais consciente, um ato de problematizar, ou seja, não apenas transmitir conhecimentos ou verdades prontas, nem adestramento de habilidades como quer a pedagogia neoliberal, mas  estamos ensinando hipóteses fundantes que podem estimular o pensamento crítico e a prática emancipadora de nossos alunos.
Sabemos que educação é dever do Estado e que é dele a responsabilidade de oferecer condições dignas de trabalho e de infraestrutura nas instituições escolares. É por isso que estamos defendendo primeiramente a Escola Pública, e em segundo lugar, o nosso direito trabalhista.
A defesa de nossos direitos, que foram duramente conquistados por inúmeras lutas e batalhas realizadas pelo nosso sindicato e pela força da nossa união, não pode ser roubada de nós professores, alunos e comunidade escolar sem nenhuma consequência para quem usurpa nosso direito. Deste modo, a UNIDADE NA ADVERSIDADE é imprescindível nesse momento. Não estamos lutando ou brigando por puro capricho, mas estamos lutando por questões de direito garantidos por lei à nossa categoria e pela sobrevivência da Escola Pública de qualidade. Não estamos do lado A ou B da política como querem nos impor alguns. Estamos do lado da Educação, da Escola Pública, do Servidor Público, dos alunos e de toda comunidade escolar. Por isso, compreendamos a mensagem que nos deixou Paulo Freire quando disse: “Que é mesmo a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? Lavar as mãos em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele.” (Paulo Freire)

Nossa maior  lição agora  é na rua e ao lado dos colegas. Vamos juntos e unidos prosseguir lutando.  

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Resiliência



Resiliência
Maria Inez Rodrigues Pereira

A dor no peito ainda é muito grande e a tristeza que consome a alma se derrama em lágrimas pelo meu rosto.  Insatisfação, indignação, revolta, repúdio, nojo, decepção, enfim, sentimentos que não consigo controlar e que vicejam no meu coração, motivados pelo descontentamento de ter assistido um déspota avançar sobre professores, sem dó nem piedade, ferindo-os com bombas, gás lacrimogênio e balas de borracha. Um ato insano e desmedido que manchou de sangue, para sempre, a história do Paraná.
 Haveremos de mudar esse quadro negro?... Talvez sim, talvez não. Contudo a resiliência nos impulsiona a responder de forma consistente, em sala de aula, esse grande desafio de educar para a transformação social.  Um motivo a mais para o fortalecimento do trabalho coletivo dentro das escolas que, muitas vezes, vejo enfraquecido no dia a dia do nosso trabalho docente.  E ser resiliente neste caso é, de acordo com Tavares(2002), “a capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo o equilíbrio dinâmico durante e após os embates- uma característica de personalidade que, ativada e desenvolvida, possibilita ao sujeito superar-se e às pressões de seu mundo, desenvolver um autoconceito  realista, autoconfiança e um senso de autoproteção que não desconsidera a abertura ao novo, à mudança, ao outro e à realidade subjacente” Nesse contexto, porém, considero de extrema importância manter o foco de nossos objetivos, ou seja, ensinar para transformar, mesmo que isso leve algum tempo.  

Entretanto, não podemos nos resignar com as situações de perda ou ganho de alguma coisa, nesse caso de direitos adquiridos e que nos foram usurpados, mas numa ação resiliente responder a altura, com a competência de quem sabe educar para a democracia, para a cidadania, para a política e, conforme defendeu Gramsci (1978), para preparar a classe trabalhadora para ser dirigente do país. Ser resiliente é ter a capacidade de se recuperar a partir de choques, ferimentos e traumas, ser resistente para enfrentar os desafios.

O choro e as lágrimas que derramamos são a imagem da nossa decepção com o ocorrido, mas não podem atrapalhar nosso trabalho e muito menos nosso ideal na missão de formar crianças, jovens e adultos por meio de uma educação de qualidade. Uma educação que ultrapasse as barreiras do senso comum e conduza o cidadão à síntese do conhecimento adquirido e incorporado por sua inteligência, fazendo-o capaz de discernir entre o certo e o errado, entre o ter e o fazer, entre a ignorância e o saber.

Portanto, o que nos moverá de agora em diante, muito mais do que antes, é a chance de poder continuar lutando por uma educação de qualidade. É a chance de poder continuar ensinando, organizando conteúdos que farão a diferença na vida dos alunos que estão sob nossa responsabilidade. Utopia?...Talvez, mas é delicioso sonhar. Por isso, como disse Gandhi em suas lições de vida, "a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade?" Não percamos a chance de valorizar nossa missão de ensinar. Não percamos o foco nem a nossa fé. Somos PROFESSORES e nunca desistimos.

Sejamos fortes, sejamos corajosos, sejamos resiliente, sejamos unidos e nos fortaleceremos ainda mais.





sexta-feira, 1 de maio de 2015

ESSE DIA JAMAIS ESQUECEREMOS



Vinte e nove de abril de dois mil e quinze ficou marcado na história como um triste dia para os Servidores do Paraná. A trilha sonora que escolhi para servir de fundo as fotos deste vídeo é “Adágio", palavra que significa andamento, dito popular, aquilo que vem sendo repetido por muito tempo. Na música, porém, significa um andamento lento de harmonia quase fúnebre que expressa tristeza. Acredito que a música define muito bem o momento que nossos professores enfrentaram no dia de ontem, bem como o sentimento de todos nós que assistimos de longe a barbárie comandada pelo governador beto richa(com letras minúsculas). 
Tristeza e indignação são os meus sentimentos. A história do Paraná foi manchada por um inconsequente que não sabe respeitar seus professores e que não sabe o significado de democracia, pois isso ficou evidente nas imagens de ontem. Como disse o jornalista Ricardo Boechat da Band " num concurso de cérebros, talvez o pit bull vença, comparado ao do governador do Estado, quando lança mão de uma PM truculenta pra fazer o que fez".

Quero prestar minha homenagem aos professores que estiveram lá no Centro Cívico, enfrentando com dignidade e bravura os brutamontes do beto richa. Vocês são o nosso Orgulho. ORGULHO DE SER PROFESSORA.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

ESTOU TRISTE



Foto: Tiquinho


             Maria Inez Rodrigues Pereira

Estou triste com toda essa violência que os profissionais da educação têm sofrido por parte de pessoas que deveriam estar protegendo-os.

Estou triste com a alienação da maioria da população paranaense que só soube se manifestar contra a Dilma ou o PT, compactuando com os desmandos do governador.

Estou triste porque a população paranaense não consegue enxergar o quão hipócrita são o governo e seus asseclas.

Estou triste porque em toda minha vida jamais tinha visto coisa igual.

Estou triste porque não consigo visualizar um futuro digno e emancipador para os nossos estudantes por uma política que desmonta a escola a cada dia.

Estou triste com a falta de respeito de um governador que trata professores como vândalos e bandidos.

Estou triste porque políticos desonestos que se apropriam do erário público esqueceram que um dia tiveram professores em suas vidas que lhes ensinaram conceitos de ética e cidadania.

Estou triste porque vejo a violência sendo mais forte que o diálogo e o respeito.

Estou triste porque vejo fracassando a Educação.

Estou triste porque a democracia está perdendo para a Ditadura imposta por um déspota.

Estou triste porque vejo o silêncio das mídias que apoiam a ditadura disfarçada.

Estou triste porque uma professora que sonha com uma educação que transforma e faz crescer o ser humano, vê um horizonte de neblina e de tristeza para quem quer aprender.

Estou triste porque vejo a força do capital vencer as classes sociais mais desfavorecidas por pura ganância e preconceito.

Estou triste porque vencemos a batalha, mas não vencemos a guerra.

segunda-feira, 9 de março de 2015

O QUE APRENDEMOS COM A GREVE DOS PROFESSORES DO PARANÁ

Foto APP Sindicato


                                                 Maria Inez Rodrigues Pereira

A greve dos professores paranaenses, que teve início no dia 9 de fevereiro de 2015, fez história no Estado do Paraná e no Brasil. Uma categoria de trabalhadores da educação que se viu  desrespeitado em seus direitos por um governador irresponsável com as finanças do Estado, pois gastou muito mais do que arrecadou, quebrando o Paraná, e que se mobilizou com tamanha força, que deixou de joelhos o governador e seus asseclas. Mesmo que não admitam, ficaram literalmente de joelhos, pois não esperavam tamanha repercussão.
Essa greve durou 30 dias corridos e 19 dias letivos, com uma resistência e um apoio nunca antes visto em toda história do magistério paranaense. Cem por cento de adesão em todas as escolas. Por isso, podemos dizer que a greve nos ensinou algumas lições. Lições estas, que jamais esqueceremos. Aprendemos muitas coisas que farão a diferença daqui pra frente em nossas memórias e em nossas vidas.
Aprendemos, que juntos podemos mais. Aprendemos que o companheirismo, a inteligência e a união fazem a força. Aprendemos que quando um membro do grupo começa a desanimar o outro faz o alerta e o ânimo se renova. Aprendemos que uma democracia não pode ser derrubada por alguém que se julga imperador de um Estado. Aprendemos que recuar não significa baixar a guarda ou a cabeça, mas sim erguer a cabeça e prosseguir em alerta total.  Aprendemos que com boa argumentação e consenso alguém tem que ceder. Aprendemos que uma boa aula se faz na prática e com um bom planejamento.
Aprendemos, principalmente, que a vitória é uma questão de estratégia, de pensar inteligentemente a tática que colocará o adversário em descrédito, para vencê-lo depois. Aprendemos que para conquistar o respeito é preciso respeitar o direito do outro para ganhar o apoio da sociedade. Aprendemos que uma greve não se faz sozinho.
Aprendemos que um país só se transforma pela força do conhecimento que se aprende na escola e é colocado em prática no dia a dia. Aprendemos que uma sociedade só enxerga o valor que tem uma escola a partir do momento que seus portões ficam fechados. Aprendemos que para acordar uma comunidade é preciso o despertar de nossa realidade. Ninguém enxerga o óbvio se o óbvio permanecer escondido.
Aprendemos que para ensinar cidadania temos que ir para as ruas e praticar a teoria. Aprendemos que ética é fundamental em determinados comentários e comportamentos. Aprendemos ao final de tudo, que a luta ainda continua e há muito ainda para ser conquistado.
Considero que a lição foi aprendida, mas para que este conhecimento não se perca em alguma lembrança e tenha sua página virada, como disseram que a página de 30 de agosto foi virada, que esta lição possa ser realizada todos os dias pelo exercício da leitura dos fatos e do preparo da consciência política de nossos alunos com conteúdos que abordem continuamente os conceitos de ética, cidadania e política, respeito e dignidade, solidariedade e companheirismo, educação e transformação, para que essa aprendizagem se concretize na prática para as próximas eleições. Pois, aqueles que quiseram fazer um desmanche na escola pública jamais poderão ser esquecidos e não poderão merecer o voto de ninguém.
Acredito ser esta a principal lição, reconhecer um político mentiroso em plena retórica e saber combatê-lo pelo voto, pois a democracia é construída  e aprimorada no exercício  de nossa cidadania.
Fiquemos em alerta total, pois a luta ainda não acabou.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SOBRE A GREVE DOS PROFESSORES DO PARANÁ





É impressionante como a luta dos professores paranaenses tem acirrado reflexões e discussões sobre a situação da educação no Estado do Paraná. Há muito tempo não víamos tanta gente preocupada com os rumos da qualidade de ensino no nosso Estado. Uma qualidade de ensino ameaçada por muitos fatores que vão desde o sucateamento das escolas até a falta de profissionais para o trabalho pedagógico e administrativo nas instituições. E podemos definir esse momento histórico como uma “Grande Marcha pela Educação de Qualidade”.

Uma mobilização que colocou nas ruas milhares de pessoas que ainda acreditam no poder da Educação. No poder de “ensinar para transformar”. No poder de participar do crescimento de uma pessoa dia a dia, sem desanimar. Não é uma questão de Salário, de percentuais recebidos, de valores venais. Mas é uma questão de responsabilidade pela vida educacional de muitas crianças, jovens e adultos que estão desejando aprender novos conhecimentos, que irão fazer a diferença para os seus futuros.

É bem verdade que tudo começou por causa de 8 bilhões de reais que estão guardados no nosso fundo de previdência e que o governo do Estado deseja se apossar dele. Porém, a nossa luta passou a ser muito mais que isso. A nossa luta é contra o desmanche da escola pública paranaense que está sendo a cada dia ludibriada em seu direito de ofertar um ensino de qualidade, e porque foi surpreendida no início do ano letivo com o fechamento de Salas de Apoio a Aprendizagem, Salas de Recurso, Contra Turno(Arte, Dança, Música, Horta na Escola, Esporte e Lazer, futebol, Handebol, Vôlei, Xadrez, etc.) Programa Mais Educação, CELEM, EJA, demissão de funcionários, corte de carga horária de pedagogos e de direção, a não contratação de todos os concursados e o rebaixamento do porte das escolas.

Vejam que esse debate e essa mobilização levou o governo do Estado recuar em alguns itens da pauta de reivindicações dos servidores, contudo não podemos afrouxar nossa campanha em prol de um ensino de qualidade; em prol dos direitos adquiridos do funcionalismo e em prol de uma escola que realmente possa ofertar educação para todos.

Dermeval Saviani(2011) define em seus escritos a Educação como sendo “ato ou efeito de educar; desenvolvimento integral de todas as faculdades humanas; conjunto de normas pedagógicas aplicadas ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito”. Portanto para que o ensino aplicado seja de qualidade as condições de trabalho dos profissionais também tem que ser de qualidade. Ainda, de acordo com Saviani “ Educação e Política se interpenetram e não estão isentas uma da outra, pois a prática docente carrega um sentido político quando tomada em relação ao todo, ainda que esse sentido não se revele, seja intencional e passe despercebido pelo professor e demais educadores”. Por isso, não podemos desanimar nessa luta que estamos travando, porque mesmo sem perceber estamos ensinando o que é democracia, política, ética, cidadania, direito adquirido, resistência e militância aos nossos alunos. 

Estamos, de certo modo, ensinando os estudantes que nos acompanham a raiz dos acontecimentos, os fatos e os valores que estão relacionados ao que está acontecendo com a classe trabalhadora de professores e funcionários de escola e com todo o funcionalismo.
 
Não podemos desistir... Neste momento, não podemos esmorecer frente aos subterfúgios do governo com promessas ao vento. Não podemos nos deixar levar por inconsistentes promessas conjugadas no verbo presente do indicativo “iremos” “faremos”...


E a Greve continua.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Greve de Professores do Paraná

Professores do Estado do Paraná estão de Greve, porque o Governador Beto Richa queria aprovar na Assembleia Estadual d Paraná (ALEP) o chamado "Tratoraço". Para saber mais, acompanhe ao vivo:

https://www.youtube.com/watch?v=_5B4rxIgclI&feature=youtu.be 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O QUE É SER PROFESSOR NA ATUALIDADE





Ei, sociedade! Família, comércio, doutores, população, “políticos”, governantes, prestem atenção quem são estas pessoas, que optam por zelar pela vida das gerações que entram nos muros escolares, que têm que cuidar da vida, da formação, daqueles, que um dia estarão “em nossos lugares”? Revejam seus conceitos, seus valores, observem atentamente como é a vida destas pessoas, o que realmente tem que fazer durante seu dia a dia.
Sim, você mesmo, que acorda todos os dias, toma seu café da manhã calma e tranquilamente, possuí tempo e liberdade suficiente para fazer o que bem entender, antes, de ingressar em seu trabalho diário. Esta mesma situação, não acontece com o professor. Este sujeito, após, uma noite, que nem sempre é bem dormida, pois, o desgaste intelectual, a preocupação que possuem com as crianças, que não são seus filhos, não se recupera numa noite de sono, eles não possuem tempo suficiente para descansar, portanto, quando acordam, alguns, têm que optar por não tomar seu café da manhã, mesmo que prejudique sua saúde, pois, é melhor terem mais tempo de sono para se recuperar do trabalho do dia anterior.
 E ainda, desde quando saem da cama, ficam a lembrar de “fulano”,  o que fazer para essa criança aprender? O que fazer com a situação de tantas crianças sem pais, sem educação e rebeldes?  Aqueles que atrapalham os bons alunos, e uma cada turma inteira. Um professor preocupado com tantas crianças, cada qual com um problema. A verdade é que os professores têm este tempo da manhã não mais para si, pois, quando assumem a beleza de sua profissão, seu pensamento, desde o  acordar, é assim, em prol de encontrar meios para beneficiar estas crianças.
E veja bem sociedade, seu dia inteiro é assim, tenso, e ainda, precisam ter a calma para não se perderem em suas áreas de conhecimento, para se manter firme, mesmo com tantos pensamentos preocupantes. Simplesmente porque  ainda têm que dominar o saber e repassá-lo. Considerando que precisa estar firme para não ser atrapalhado isto, por todas as problemáticas que você sociedade, tem proporcionado a estas crianças.

Saibam todos, que vocês precisam ir até as escolas conversar com os professores para compreender que as crianças estão sem perspectiva de futuro, não reconhecem o que é moral, o que tem que respeitar, não entendem para quê precisam se educar, para quê se humanizar. Essas crianças vivem a rebeldia dos maus tratos, enfrentam o tráfico de drogas ao vivo, em uma sociedade onde muitos morrem assassinados todos os dias, doentes pela baixa condição de vida que está se avolumando.
Vocês que fogem desse confronto, que se escondem de perceber como está a realidade, reconheçam, os professores. Eles enfrentam muitos desafios que estão no dia a dia destas crianças. Por isso, eu os convido, “vão até lá nas escolas para observarem a realidade concreta”, acompanhem seus filhos!

Imaginem vocês  que algumas, embora não anunciado na mídia, não tem o que comer, estão na linha da pobreza, isto, além de todo abuso e linha de risco que vivem na sociedade. Como vão aprender?  Como estarão motivados a estar na escola?, suas vidas, são mais problemáticas que a vida dos adultos. Como não se preocupar com esses males que nossa modernidade criou? Será que só os professores zelam por tentar contornar isto e fazer estas crianças aprenderem e se humanizarem?
Veja sociedade, são estes  os verdadeiros heróis que todos vocês estão desrespeitando. Estão colocando culpas inimagináveis de se pensar nas costas dos professores que em outras sociedades,  do mundo jamais fariam ou fazem. Por isso eu peço que respeitem os professores, reconheçam esse sofrimento que tem  passado, para trabalhar bem e com qualidade. Segurar estes alunos na escola, com os projetos de contra turno, não é tarefa fácil.
Saibam que, em tempos difíceis, vi professores limpando salas, ajudando a cozinhar, não havia funcionários. Muitas vezes, faltava algo para comer, eles mesmos davam um jeito de arrumar, faziam “vaquinhas”, pediam nas ruas, faziam promoções. Muitos, cara sociedade, ao verem muitos alunos na penumbra, sem roupa, sem calçado, material escolar, algo para comer, ajudam, retirando do bolso. Tiram de si, e ajudam estes que não são seus filhos.  Pergunto indiscretamente, quem de vocês, faz algo por outra pessoa?

Estes pobres professores,  passam por isso todos os dias, pois, muitas vezes mesmo de férias, se preocupam e ajudam estas crianças, se não fisicamente, em pensamentos, para planejar o que fazer com estas crianças, como ensinar diante das tragédias que estas gerações estão passando, mesmo levando o peso nas costas de serem chamados de “vagabundos, de sujeitos que não tem produtividade, de preguiçosos”. Incrível, mas, alguns se atrevem a dizer isto de quem arregaça as mangas para cuidar destas gerações.

Ainda, veja cara sociedade, tantos confrontos com os professores geraram uma rebeldia das crianças contra eles. Sim, veio da sociedade o desprezo pelos professores, em suas aulas, vivem a ter que apartar essa rebeldia, e nem consideram culpa das crianças, mesmo sofrendo humilhações, eles continuam.
 “Como pode, uma sociedade não prezar por estas pessoas?”. Dar aula população, é entrar em conflito com sujeitos sem esperança, sem motivos, aptos a  ingressarem nos males da sociedade que são mais atraentes, pois, o que será do futuro, se, não respeitam aquilo que os humaniza, e não prezam pela escola que tanto faz por eles?

Torna-se incompreensível os professores, fazem de tudo para o outro, para você, para todos, direta ou indiretamente, já que a educação está na vida de todos, e não serem respeitados, não tendo a contribuição para o seu trabalho.

O que será  de um país, onde quem cuida do futuro, pois, educação é muito mais que dominar uma área do saber, um conhecimento, e tentar ensiná-los, não tem valor? Recebe denominações que não são dignas?  É muito triste sociedade, mesmo com tantas críticas e tentativas abusivas de destruição da educação, enxergar que muitos não estão como a maioria da população, observando tantas tragédias, desgraças no meio de toda a avalanche da modernidade que nada contribuiu para a humanização de todos.  Estes professores não fazem como você sociedade, que ficam sentados dentro de seus mundos, e nada fazem, apenas criticam.  Eles, apesar dos pesares, estão deixando de cuidar de si há muito tempo e cuidando dessas crianças, que convém lembrar, não são seus filhos. Isso mesmo!! Eles fazem todo o possível para garantir que tantos e tantos tenham um futuro, uma perspectiva sobre o que fazer de suas vidas, mesmo sofrendo tantas coisas junto com estas crianças. Portanto sociedade, cuidado!! Os professores ainda não desistiram, e digo com orgulho, são a única classe em nosso país, que tenta fazer alguma coisa, mesmo que seja o mínimo, que atinja poucas crianças, mas eles não desistiram ainda. Zelem por eles, pois, se não for o trabalho da escola, para segurar ou tentar segurar essas gerações, impedir que caiam em desgraça completa, que piore ainda mais a situação, então, todos sabem em sã consciência, o que poderá nos espera o amanhã.

Para finalizar essa  reflexão, de poucos casos para tentar exemplificar a vida do professor, venho, com mais orgulho ainda, dizer que em alguns casos que já presenciei, de aluno, sem pais, criados por parentes, que recebiam doações para comprar comida, para comprar material escolar, e a escola, mesmo que este aluno fosse rebelde, pois sofria tantos problemas em sua vida, não tinha perspectiva, não via futuro, não entendia o que iria acontecer em sua vida,  digo que foi a escola, cara sociedade,  que lutou, confrontou, insistiu em mudar esta criança, e ela, venceu na vida. Superou a miséria, virou gente decente, se humanizou. O que seria dela sem a luta do professor?

 Este caso é  apenas mais um, sociedade, todos os dias, os professores enfrentam isto. Em alguns casos nossas crianças são abusadas sexualmente, não tem o que comer, não tem pais, vivem a margem da sociedade em círculos de drogas, de prostituição, de tráficos, e, os professores não as abandona. Muitos vencem, superam seus pesadelos, e, a escola, o professor, com o mínimo que podem fazer. Estes professores, deixam de fazer o que é bom para si, ocupam seu tempo todo, de seu dia, de sua semana, mês, ano, toda uma vida,  em prol dessas crianças e adolescentes. Esta é a educação, isto é educar, isto é ser professor.
Infelizmente essa sociedade  que está aí está permitindo que nossas autoridades os façam desanimar, pois, eles são humanos, e todos reconhecemos, que  os humanos, não aguentam ser torturados, menosprezados ou, rotulados com valores que não se conciliam com  seu  árduo trabalho. Isto não vai durar muito tempo, revejam o que está acontecendo, a seriedade disto, é para com a geração que irá ocupar o lugar de nossos professores.
Se as promessas da tecnologia, da modernidade não conseguiu o que é bom para todos humanos, menos ainda, estamos correndo o risco de não prezarmos para as futuras gerações recuperarem os conceitos morais, a ética, a civilidade, o prezar pelo mundo, pelo outro, a dignidade humana, a própria humanização “no significado que teorizamos, mas não concretizamos”. Se não for as crianças, a recuperar tudo isto, que sabemos que deixamos perder, então, se hoje está ruim, o que será que poderá vir  de pior?

Tudo isto, população, sociedade, políticos, passa pelos professores. Novamente recordemos  que a situação do mundo não está boa. Nosso país passa por muitos problemas, e os professores ainda tem coragem de enfrentá-los.

Cuidado com aquilo que vocês consideram como prioridade! A consequência, por mais contraditório que pareça, todos sabem o que pode acontecer se o professor desistir de educar! Podemos construir neste momento, muito mais do que qualquer outro, um processo desastroso e irreversível. E, como a educação atinge a todos direta ou indiretamente, reconheçamos, não o professor apenas quem perderá com isso, mas toda sociedade.



(autor desconhecido)

sábado, 24 de janeiro de 2015

A SEMANA PEDAGÓGICA DE FEVEREIRO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES







Maria Inez Rodrigues Pereira


imagem: http://www.rc.unesp.br/biosferas/0063.php
O ano letivo está perto de começar e os professores paranaenses se preparam para uma semana de estudos e planejamento.  De acordo com o estatuto do servidor público do Estado do Paraná, Lei 6.174/70 que estabelece em seu artigo 281 que “o servidor deve participar de treinamento funcional, especialização ou aperfeiçoamento profissional quando convocado”, todos os profissionais que atuam nas escolas não podem  deixar de cumprir essa carga horária de trabalho, uma vez que esse momento  se constitui a base para o trabalho pedagógico durante todo o ano letivo de 2015.
Esta formação continuada é de extrema importância para os professores, pois, independente do tema a ser desenvolvido, torna-se uma ótima oportunidade de levantar reflexões e críticas a cerca do trabalho coletivo na escola. Por isso, deve ser muito bem aproveitado por todos esses  profissionais.
Para que os professores tenham um bom desempenho no seu trabalho pedagógico é necessário que o esforço coletivo seja posto em prática a partir dos estudos realizados durante a Semana Pedagógica. Desse modo, os estudos visam a mudança de paradigmas que dificultam o avanço na qualidade do ensino e, principalmente, das práticas metodológicas  que não conduzem nossos alunos a efetiva construção do saber. Nesse contexto é que a formação continuada se faz o caminho para superar desafios, corrigir rumos e realizar reflexões a cerca dos  “saberes que constituem a docência”(PIMENTA,1996) e que não podem ser esquecidos durante nossa práxis.
O estudo dos fundamentos filosóficos que sustentam as práticas pedagógicas nas escolas, bem como a gestão, o planejamento e a organização da escola contribuem para esclarecer as dúvidas sobre o entendimento que os profissionais possuem quanto à concepção de educação prevista nos documentos oficiais, com relação a cada modalidade de ensino.  Ou seja, no Ensino Fundamental a concepção de educação prevista nos documentos oficiais é a  “de que os conteúdos trabalhados na escola possam contribuir para a crítica as contradições sociais, políticas e econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos contextos em que elas se constituem”.(DCE,2008 p. 14)Portanto, uma concepção vinculada ao materialismo  histórico dialético que possibilite ao estudante a formação necessária para o enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo.
Já no Ensino Médio, que está passando por reformulação,  deve ter uma base unitária sobre a qual podem se assentar possibilidades diversas como preparação geral para o trabalho ou, facultativamente, para profissões técnicas; na ciência e na tecnologia, como iniciação científica e tecnológica; na cultura, como ampliação da formação cultural. Ou seja, uma educação que busque despertar reflexões a respeito de aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais, e das relações entre o ensino da disciplina e a produção do conhecimento.
Por essa razão é que a Semana Pedagógica, que acontecerá de 02, 03 e 04 de fevereiro de 2015, é muitíssimo importante para todos nós profissionais da educação, uma vez que o objetivo principal de cada Semana Pedagógica é discutir as formas organizativas de gestão escolar, avaliação e currículo. Sendo assim, essa formação continuada ao mesmo tempo em que nos proporciona fundamentação teórica, também nos faz revisar metodologias e nos indica a atual situação vivida pela escola e sua atribuição na sociedade contemporânea.
Segundo Paro (2001, p. 10),”não há dúvida de que podemos pensar na escola como instituição que pode contribuir para a transformação social. Mas, uma coisa é falar de suas potencialidades... uma coisa é falar “ em tese”, falar daquilo que a escola poderia ser. [...] outra coisa bem diferente é considerar que a escola que aí está já esteja cumprindo essa função”.

Somente a formação continuada pode nos ajudar a pensar na escola como instituição que contribui para a transformação social, conforme aponta Paro. Pensar nas contradições que estão postas e impostas no nosso cotidiano e que se destacam nos resultados das avaliações. Pensar no trabalho pedagógico do professor como  ponto chave para essa transformação social  a partir da aprendizagem crítica do aluno por meio de conteúdos básicos, estruturantes e específicos  e que o faça se apropriar de conhecimentos científicos, necessários à sua formação humana.
Essa é a especificidade da escola. Esse é o objetivo da Semana Pedagógica e da formação continuada. Não podemos ir contra esta obrigação, pois em todas as profissões existe o “treinamento funcional” e no nosso ofício não pode ser diferente.  Que estejamos prontos a aprender para ensinar mais e melhor e que a formação seja contínua, efetiva e de qualidade.

 REFERÊNCIAS
SEED. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba, 2008
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

PIMENTA, Selma Garrido. Formação de Professores – Saberes da Docência e Identidade do Professor. R.Fac.Educ. São Paulo, v.22, n.2, p.72-89, jul/dez. 1996.


SEED. Orientações para o Registro Oficial do Evento. DFP. Curitiba, 2015.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O RESULTADO DA PROVA DE REDAÇÃO DO ENEN 2014 E AS CONSEQUÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

(Foto: Reprodução/TV Globo




 MARIA INEZ RODRIGUES PEREIRA




O resultado da prova de redação do Enen 2014, com quinhentos e vinte e nove mil alunos zerando na redação, ou seja, 8,5% do total de candidatos participantes, de acordo com o Inep, retrata uma triste realidade na educação de nosso país. Infelizmente, estamos formando uma geração de indivíduos que não sabem ler, escrever, pensar por si só, opinar...,ou seja, uma geração alienada. Além desses estudantes que zeraram na prova de redação outros duzentos e quarenta e oito mil estudantes tiveram suas redações anuladas, porque fugiram ao tema proposto. No entanto, a culpa não é apenas dos professores, mas é consequência de uma série de fatores que têm contribuído para essa situação.

Já dizia Suchodolski(1976) em análise aos textos de Marx sobre ideologia que “[...]a educação é um instrumento de fortalecimento do poder de classes na sociedade classista, porque propaga uma ideologia adequada a ele”. E isso ficou evidente com o resultado do Enen, confirmando a teoria de Suchodolski de que nossa educação ( ou nossas escolas) está trabalhando a favor de uma classe dominante que deseja se manter no poder, impedindo que a educação de qualidade seja ofertada a todos.  Esse resultado  da prova de redação, só demonstrou o quanto nossos jovens estudantes estão sendo alienados por uma educação fracassada, reféns de uma ideologia dominante. 

Infelizmente, as práticas pedagógicas realizadas nas salas de aula, com prevalência apenas ao uso do livro didático, pouco tem levado nossos estudantes a pensarem criticamente os assuntos econômicos, sociais, políticos, históricos, filosóficos e das artes.  Que dirá escrever criticamente sobre um tema (publicidade infantil) do qual nem conhecem ou tenham ouvido falar.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica é de competência (ou função, como queiram alguns) da escola dar condições para que o aluno aprenda e possa se desenvolver plenamente. Entretanto, aprender requer sacrifícios que exigirão do estudante e, também, do professor, muita leitura, muita escrita, muito “estudo”, muita pesquisa. E hoje, esses sacrifícios estão sendo substituídos pela informação rápida e sem muito esforço,  dando apenas um clic na internet.

Indiscutivelmente uma condição que está contribuindo muito para esses resultados é a formação de professores, quase sempre muito falha. De acordo com o educador Saviani(2008) os cursos de formação de docentes que não articulam teoria e prática a partir da pedagogia histórico-crítica, com base no materialismo dialético, não terá condições de intervir no objeto de ensino de modo intencional. Ou seja, para o autor “se um curso é teórico, não é prático, e, se é prático, não é teórico”. Desse modo, o objetivo da educação que é instrumentalizar o aluno para que este desenvolva a capacidade de ler, compreender e transformar a realidade na qual está inserido, acaba sendo prejudicado pela má formação do professor.

A formação docente no Brasil ainda é muito deficitária, pois não prepara o professor para ser pesquisador e produzir novos conhecimentos, mas sim para reproduzir conceitos e conteúdos que em nada ou quase nada contribuem para a transformação intelectual e social do sujeito que aprende.  Há de se reconhecer que muitos são os desafios que impedem o avanço educacional da população brasileira. E um deles, o qual eu considero preocupante, é a falta de investimento na qualidade do trabalho pedagógico. Essa qualidade está associada à valorização do professor com salários mais dignos, com formação adequada e satisfatórias, com melhorias nas condições de trabalho na rede escolar ( que em alguns lugares é precária),com equipamentos que realmente funcionem e que sejam necessários ao ensino. Enquanto esses investimentos não forem aplicados adequadamente (sem desvios) nas escolas e na educação, continuaremos assistindo esses resultados tristes e humilhantes para o nosso país.

Uma nação não se desenvolve completamente sem uma boa educação. Basta olhar em volta e verificar os avanços obtidos pelos países mais desenvolvidos do mundo. Com certeza, a prioridade desses países foi, sem dúvida, a educação.

A luz amarela de alerta, já está acesa há um bom tempo. E essa aparente consequência de uma educação que está na linha da falência, precisa urgentemente de mudança. É preciso reconhecer que nossa educação não pode ficar atrelada apenas a força do capital. Formar cidadãos para as exigências do mercado é um grande erro, pois obriga a escola a cair no pragmatismo imediatista e irracionalista de formar pessoas para o mercado de trabalho e não para sua humanização integral. Esse tipo de pedagogia está levando ao empobrecimento dos conteúdos curriculares, bem como a secundarização do papel do educador  tendo como consequência os resultados absurdos na prova de redação do Enen, bem como no resultado de outras avaliações, tanto internas como externas, nas escolas de todo Brasil.
A mudança de paradigma metodológico começa na própria sala de aula, a partir do compromisso do professor com a formação de seu aluno seja ele quem for, independentemente de recursos financeiros, didático-pedagógicos, tecnológicos ou de infraestrutura.

O fato é que, a escolha por uma educação alienante ou revolucionária estará sempre nas mãos do professor. É o professor quem decide se quer um aluno consciente e crítico ou alienado e passivo.

Suchodlski (1976) já alertava em seus escritos que

A educação nas mãos da classe dominante é uma arma, um dos meios mais importantes para conservar o seu domínio e impedir o seu derrube, mantendo a psique humana livre de todas as influências que surgem pela transformação das forças produtivas. Nesse sentido, a educação apresenta-se como influência destinada a defender os interesses da ordem decadente em franca contradição com a educação que se concebe como verdadeiro processo de formação de novos homens no desenvolvimento histórico das forças produtivas. No primeiro caso, a educação é um instrumento de opressão de classe, no segundo, pelo contrário, um elemento de autoprodução dos homens no decurso do seu trabalho produtivo histórico. A contradição entre ambas as formas de educação reflete a oposição existente na história entre o desenvolvimento revolucionário e criador das forças produtivas e a força retardadora das relações de produção. Essa contradição é particularmente aguda na época do capitalismo. (1976, p.95)

Portanto, o trabalho pedagógico, bem organizado e planejado pelo professor, pode contribuir para uma educação emancipadora e revolucionária que ajude o estudante a formar consciência crítica sobre tudo, ou simplesmente, contribuir para a sustentação e legitimação de uma situação opressora e de exclusão social.

Os quinhentos e vinte e oito mil estudantes que obtiveram nota zero (0,0) na redação do Enen 2014, com certeza estão inclusos na segunda opção.

Para muitos especialistas, isso é apenas consequência de um ensino falho e sem perspectivas. Para nós educadores compromissados com uma educação de qualidade, é um desastre que mancha nossa alma e fere nosso coração.


REFERÊNCIAS


DUARTE, Newton(org.) Critica ao fetichismo da individualidade. 2.ed.rev.-Campinas SP: Autores Associados, 2012











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