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Foto APP Sindicato |
Maria Inez Rodrigues Pereira
A greve dos professores paranaenses, que teve início no dia 9 de fevereiro de 2015, fez história no Estado do Paraná e no Brasil. Uma categoria de trabalhadores da educação que se viu desrespeitado em seus direitos por um governador irresponsável com as finanças do Estado, pois gastou muito mais do que arrecadou, quebrando o Paraná, e que se mobilizou com tamanha força, que deixou de joelhos o governador e seus asseclas. Mesmo que não admitam, ficaram literalmente de joelhos, pois não esperavam tamanha repercussão.
Essa greve durou 30 dias corridos e 19 dias letivos, com uma resistência e um apoio nunca antes visto em toda história do magistério paranaense. Cem por cento de adesão em todas as escolas. Por isso, podemos dizer que a greve nos ensinou algumas lições. Lições estas, que jamais esqueceremos. Aprendemos muitas coisas que farão a diferença daqui pra frente em nossas memórias e em nossas vidas.
Aprendemos, que juntos podemos mais. Aprendemos que o companheirismo, a inteligência e a união fazem a força. Aprendemos que quando um membro do grupo começa a desanimar o outro faz o alerta e o ânimo se renova. Aprendemos que uma democracia não pode ser derrubada por alguém que se julga imperador de um Estado. Aprendemos que recuar não significa baixar a guarda ou a cabeça, mas sim erguer a cabeça e prosseguir em alerta total. Aprendemos que com boa argumentação e consenso alguém tem que ceder. Aprendemos que uma boa aula se faz na prática e com um bom planejamento.
Aprendemos, principalmente, que a vitória é uma questão de estratégia, de pensar inteligentemente a tática que colocará o adversário em descrédito, para vencê-lo depois. Aprendemos que para conquistar o respeito é preciso respeitar o direito do outro para ganhar o apoio da sociedade. Aprendemos que uma greve não se faz sozinho.
Aprendemos que um país só se transforma pela força do conhecimento que se aprende na escola e é colocado em prática no dia a dia. Aprendemos que uma sociedade só enxerga o valor que tem uma escola a partir do momento que seus portões ficam fechados. Aprendemos que para acordar uma comunidade é preciso o despertar de nossa realidade. Ninguém enxerga o óbvio se o óbvio permanecer escondido.
Aprendemos que para ensinar cidadania temos que ir para as ruas e praticar a teoria. Aprendemos que ética é fundamental em determinados comentários e comportamentos. Aprendemos ao final de tudo, que a luta ainda continua e há muito ainda para ser conquistado.
Considero que a lição foi aprendida, mas para que este conhecimento não se perca em alguma lembrança e tenha sua página virada, como disseram que a página de 30 de agosto foi virada, que esta lição possa ser realizada todos os dias pelo exercício da leitura dos fatos e do preparo da consciência política de nossos alunos com conteúdos que abordem continuamente os conceitos de ética, cidadania e política, respeito e dignidade, solidariedade e companheirismo, educação e transformação, para que essa aprendizagem se concretize na prática para as próximas eleições. Pois, aqueles que quiseram fazer um desmanche na escola pública jamais poderão ser esquecidos e não poderão merecer o voto de ninguém.
Acredito ser esta a principal lição, reconhecer um político mentiroso em plena retórica e saber combatê-lo pelo voto, pois a democracia é construída e aprimorada no exercício de nossa cidadania.
Fiquemos em alerta total, pois a luta ainda não acabou.
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