Maria Inez Rodrigues Pereira
O trabalho educativo é caracterizado
pelo ato de ensinar algo a alguém. E, na escola, quem realiza esse trabalho são
os professores. São eles que organizam por meio de planos de ensino, de que
maneira irá ocorrer a transmissão do conhecimento científico, para que os
alunos se apropriem e aproveitem a essência desse conhecimento nas suas vidas e
nas suas comunidades.
Porém, são as transformações sociais
que determinam o trabalho na escola. Ou seja, a relação capital X trabalho é
que vai sustentar a organização pedagógica na escola. Desta forma, ensinar
conteúdos escolares exige formação e fundamentação teórica, para que as
contradições que estão postas no espaço escolar e social possam ser
compreendidas, analisadas, e transformadas em ações práticas no dia a dia de
cada cidadão.
Isso significa dizer, que a prática
pedagógica ou o ato de ensinar é levar o educando a enxergar as necessidades
socialmente existentes, para depois transformá-la. Nesse sentido, o trabalho
pedagógico estará sendo conduzido de modo que o aluno saia de uma visão
sincrética da realidade (senso comum) para uma visão de síntese de todo o
processo, que é denominado conhecimento
científico.
Com base nesse pressuposto, o
professor passa a ser o mediador no processo ensino aprendizagem e, o trabalho
educativo, deve ser direto e intencional entre o educador e o educando, de modo
que possibilite o acesso à produção histórica e cultural da humanidade tornando
a aprendizagem significativa para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
A partir dos conhecimentos
adquiridos, pela mediação do professor, o educando muda sua forma de pensar,
agir e enxergar o mundo. Constrói sua autonomia e supera desafios, fazendo uso
dos conteúdos científicos adquiridos na escola.
Para Vigotski(1998), o professor é
aquele que impulsiona o desenvolvimento psíquico do educando e, seu papel, é de
suma importância nesse processo.
Pela
mediação do professor, é que o educando supera o senso comum, onde ele
estabelece um movimento dialético que parte da realidade empírica, promove o
estudo da teoria e chega a realidade concreta, pensada e compreendida. Esse
procedimento, de acordo com Saviani(1996) é a passagem do senso comum à
consciência filosófica. Para ele,
[...] a
passagem do senso comum à consciência filosófica é a condição necessária para
situar a educação numa perspectiva revolucionária. Com efeito, é esta a única
maneira de convertê-la em instrumento que possibilite aos membros das camadas
populares a passagem da condição de “classe em si” para a condição de “classe
para si”(SAVIANI, 1996, p. 5).
Portanto, com base nesse
pressuposto, a produção do conhecimento ocorre pela produção da cultura e
interação social, sendo o professor o mediador desse processo, na apropriação
do conhecimento científico.
Gasparin(2003), explica o desenvolvimento
desse processo da seguinte forma:
Os
conceitos cotidianos e os científicos têm seu primeiro encontro no professor
como unificador do trabalho pedagógico. A partir desse contato, o professor,
caminhando com os alunos, conduz o processo em direção aos conceitos
científicos no momento em que os educandos, através da aprendizagem,
apropriam-se dos conceitos científicos, garantem seu crescimento intelectual e
seu desenvolvimento (GASPARIM, 2003, p. 118-119).
Neste sentido, o trabalho pedagógico
pressupõe, antes de tudo, uma análise mais crítica da realidade social e dos
processos de transformação da natureza feitos pela ação do homem e, que são
resultantes das necessidades humanas, tornando possível um processo educativo
dialético de construção do conhecimento escolar.
Entretanto, para isso, o professor
necessita de fundamentos que embasem sua prática pedagógica, por meio do
conhecimento das concepções e teorias que fundamentam suas ações. Somente de
posse desses conhecimentos é que o professor conseguirá estabelecer relação
entre a práxis e o conhecimento científico. Ou seja, ser capaz de transformar o
senso comum em senso crítico, preparando os educandos para compreender e
transformar a sociedade.
Tarefa
fácil? Nenhum pouco. Por isso, o planejamento é muito importante na atividade
docente para que a aprendizagem, de fato, se realize com o ato de ensinar, e
que tanto o professor quanto os alunos, possam buscar o conhecimento teórico
que conduza a explicação da realidade e a reflexão sobre o fazer prático
cotidiano.
Para
finalizar, cabe dizer que a consciência dos sujeitos se dá pela
práxis(teoria-prática), não como junção estanque da teoria e prática, mas como
condição unitária de compreensão da realidade, em que uma perspectiva de
totalidade seja historicamente compreendida. Ou seja, é essencial compreender e
abarcar toda produção histórica, social e cultural sobre o conhecimento do
conteúdo para que o ensino seja realmente de qualidade.
Nesse sentido, não podemos secundarizar a
função social da escola na socialização dos conteúdos historicamente produzido
pelo conjunto da humanidade e, ainda, não se pode negar as situações postas
pelo cotidiano e muito menos menosprezar o trabalho do professor.
REFERÊNCIAS
VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R.,
LEONTIEV, A. N. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. Tradução: Maria de Penha Villalobos. 6ª
ed. São Paulo: Ícone: Editorada Universidade de São Paulo. 1998.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico
crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados,
2005
GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para
a Pedagogia Histórico-Crítica. 2 ed.Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
Muito bom!
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