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Planeta Sustentável

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O professor e o procedimento no ato de ensinar.



                                                                              
                                                                                Maria Inez Rodrigues Pereira

            O trabalho educativo é caracterizado pelo ato de ensinar algo a alguém. E, na escola, quem realiza esse trabalho são os professores. São eles que organizam por meio de planos de ensino, de que maneira irá ocorrer a transmissão do conhecimento científico, para que os alunos se apropriem e aproveitem a essência desse conhecimento nas suas vidas e nas suas comunidades.
            Porém, são as transformações sociais que determinam o trabalho na escola. Ou seja, a relação capital X trabalho é que vai sustentar a organização pedagógica na escola. Desta forma, ensinar conteúdos escolares exige formação e fundamentação teórica, para que as contradições que estão postas no espaço escolar e social possam ser compreendidas, analisadas, e transformadas em ações práticas no dia a dia de cada cidadão.
            Isso significa dizer, que a prática pedagógica ou o ato de ensinar é levar o educando a enxergar as necessidades socialmente existentes, para depois transformá-la. Nesse sentido, o trabalho pedagógico estará sendo conduzido de modo que o aluno saia de uma visão sincrética da realidade (senso comum) para uma visão de síntese de todo o processo, que é denominado  conhecimento científico.
            Com base nesse pressuposto, o professor passa a ser o mediador no processo ensino aprendizagem e, o trabalho educativo, deve ser direto e intencional entre o educador e o educando, de modo que possibilite o acesso à produção histórica e cultural da humanidade tornando a aprendizagem significativa para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
            A partir dos conhecimentos adquiridos, pela mediação do professor, o educando muda sua forma de pensar, agir e enxergar o mundo. Constrói sua autonomia e supera desafios, fazendo uso dos conteúdos científicos adquiridos na escola.
            Para Vigotski(1998), o professor é aquele que impulsiona o desenvolvimento psíquico do educando e, seu papel, é de suma importância nesse processo.
Pela mediação do professor, é que o educando supera o senso comum, onde ele estabelece um movimento dialético que parte da realidade empírica, promove o estudo da teoria e chega a realidade concreta, pensada e compreendida. Esse procedimento, de acordo com Saviani(1996) é a passagem do senso comum à consciência filosófica. Para ele,

[...] a passagem do senso comum à consciência filosófica é a condição necessária para situar a educação numa perspectiva revolucionária. Com efeito, é esta a única maneira de convertê-la em instrumento que possibilite aos membros das camadas populares a passagem da condição de “classe em si” para a condição de “classe para si”(SAVIANI, 1996, p. 5).

            Portanto, com base nesse pressuposto, a produção do conhecimento ocorre pela produção da cultura e interação social, sendo o professor o mediador desse processo, na apropriação do conhecimento científico.
            Gasparin(2003), explica o desenvolvimento desse processo da seguinte forma:
Os conceitos cotidianos e os científicos têm seu primeiro encontro no professor como unificador do trabalho pedagógico. A partir desse contato, o professor, caminhando com os alunos, conduz o processo em direção aos conceitos científicos no momento em que os educandos, através da aprendizagem, apropriam-se dos conceitos científicos, garantem seu crescimento intelectual e seu desenvolvimento (GASPARIM, 2003, p. 118-119).
            Neste sentido, o trabalho pedagógico pressupõe, antes de tudo, uma análise mais crítica da realidade social e dos processos de transformação da natureza feitos pela ação do homem e, que são resultantes das necessidades humanas, tornando possível um processo educativo dialético de construção do conhecimento escolar.
            Entretanto, para isso, o professor necessita de fundamentos que embasem sua prática pedagógica, por meio do conhecimento das concepções e teorias que fundamentam suas ações. Somente de posse desses conhecimentos é que o professor conseguirá estabelecer relação entre a práxis e o conhecimento científico. Ou seja, ser capaz de transformar o senso comum em senso crítico, preparando os educandos para compreender e transformar a sociedade.
Tarefa fácil? Nenhum pouco. Por isso, o planejamento é muito importante na atividade docente para que a aprendizagem, de fato, se realize com o ato de ensinar, e que tanto o professor quanto os alunos, possam buscar o conhecimento teórico que conduza a explicação da realidade e a reflexão sobre o fazer prático cotidiano.
Para finalizar, cabe dizer que a consciência dos sujeitos se dá pela práxis(teoria-prática), não como junção estanque da teoria e prática, mas como condição unitária de compreensão da realidade, em que uma perspectiva de totalidade seja historicamente compreendida. Ou seja, é essencial compreender e abarcar toda produção histórica, social e cultural sobre o conhecimento do conteúdo para que o ensino seja realmente de qualidade.
 Nesse sentido, não podemos secundarizar a função social da escola na socialização dos conteúdos historicamente produzido pelo conjunto da humanidade e, ainda, não se pode negar as situações postas pelo cotidiano e muito menos menosprezar o trabalho do professor.
REFERÊNCIAS
VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R., LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução: Maria de Penha Villalobos. 6ª ed. São Paulo: Ícone: Editorada Universidade de São Paulo. 1998.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005
GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 2 ed.Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

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