Por
que normalmente o professor apresenta o conteúdo teoria literária
desvinculado do texto literário?
A resposta talvez esteja na
maneira como o professor expõem o conteúdo com aulas expositivas e
fundamentadas nos livros didáticos, com um ensino abstrato, fragmentado e
desvinculado do contexto do aluno. Também, não há um interesse do aluno pela
leitura dos textos clássicos, já que os professores não trabalham a análise
crítica dos textos e seus autores.
Outra justificativa é de que
a Literatura acha-se inserida na área de Língua Portuguesa, como um programa a
ser cumprido no currículo, de modo que os textos literários são trabalhados
pelos professores para se fazer análise gramatical, tornando-os difíceis de
serem lidos pelos alunos. Bordini(1989, p. 9) assevera que “[...]a Literatura é
ensinada para aprender gramática, para revisar a História, a Sociologia, a
Psicologia e para dirigir melhor. Tornando-se matéria para adornar outras
ciências, o texto literário descaracteriza e afasta de si o leitor.”
Isso permite dizer que o
conteúdo literário, que busca interpretar os textos literários e as obras do
autor, é pouco ou quase nada trabalhado em sala de aula, pois isso envolve a
escrita de resenhas, análise textual, bem como exige a análise de alguns
conceitos como discurso, espaço, estrutura da obra, linguagem, etc.
É muito mais fácil, pois
exige muito menos tempo, desenvolver atividades de interpretação por meio de
questionários pré-elaborados, do que apresentar atividades diversificadas que
levarão o aluno a compreensão literária e uma análise mais crítica da obra. Ou
seja, as concepções de leitura que ainda permeiam as salas de aulas, é a do
consumo rápido de textos em detrimento a seleção qualitativa do material a ser
trabalhado, para que se crie no aluno o ato de ler como uma ação cultural.
Para Silva(1998, p. 61) o
tratamento dado ao texto literário é realizado por meio de fichas de
interpretação, dando uma ideia de que o aluno precisa apenas dar informações
como: título da obra, nome do autor, descrição dos personagens principais e
secundárias, entre outros que não avaliam, de fato, a compreensão do texto.
Na verdade, o aluno precisa
ser estimulado a inferir, preencher as entrelinhas e reconstruir as pistas
textuais para ser capaz de atingir um nível de criticidade no ato de ler.
Referências
BORDINI, Maria da Glória. Guia de leituras para alunos
de 1º e 2º graus. Centro de Pesquisas
Literárias. Porto Alegre: PUCRS/Cortez, 1989.
SILVA, E. Criticidade e
leitura. 1998b. Campinas : Mercado de Letras.
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