A MINHA ESCOLA NÃO ESTÁ A VENDA
O governo do Estado do Paraná está correndo a todo o vapor para aprovar nos colégios elegíveis o projeto "Parceiro da Escola". Entretanto, muitas questões continuam sem respostas tais como:
Por que o governador deseja tanto a privatização das escolas?
O que está por de trás dessa pressa para aprovar esse projeto "Parceiro da Escola "? Será que existem interesses escusos nesse processo? Por que colocar na mão de "instituições especializadas" a gestão administrativa e financeira das escolas públicas? E por que será que os políticos de cada município não se posicionam contra esse absurdo?
Imaginemos que nenhum deles possuem filhos na escola pública e por isso, não se importam com o restante da população mais pobre e que precisam da escola pública e gratuita para obterem conhecimentos científicos. Desse modo, apostam numa situação de extrema dependência da classe trabalhadora e sua subordinação à classe dominante.
Infelizmente, ao se concretizar esse projeto no Estado do Paraná nas escolas da rede, o efeito cascata para os municípios não tardará. É uma realidade que não está muito longe de acontecer. Por isso sou contra esse absurdo que está por vir e por determinação de um governo que segue a linha de pensamento fascista. Um governo assim é autoritário, antissocialista, segregador e repressor, porque se diz de direita. Então, a primeira ação de um governo com essas características é sempre o de atacar as escolas e a educação que liberta os pensamentos, por meio do trabalho docente. Desse modo, persegue os professores que se colocam ao lado dos mais fracos tirando-lhes direitos adquiridos e sufocando o trabalho docente com plataformas que não estão levando a lugar nenhum. As propagandas, outra estratégia do governo, são apenas para enganar quem não tem conhecimento da realidade. Haja vista a escolha da data para reunião com a comunidade escolar de Nova Londrina para o dia 16/10/24, um dia após o dia dos professores. É irônico isso não? Mas, quando os professores tentam abrir os olhos dos pais para enxergar a real intenção desse projeto, nem sempre são ouvidos. Muitos estão calados achando que não irão sofrer as consequências desse processo de privatização, mas estão enganados. Estão sendo submetidos a lógica do capital para a formação de mão de obra barata e sem muita perspectiva de vida. Somente alguns poucos terão a formação adequada e necessária para esse mercado capitalista e segregador. Por isso, quem não se enquadrar a nova proposta de educação será "convidado a se retirar", assim como está sendo executado nas escolas cívico-militares. Quem não se enquadra nos valores cívico-militar é convidado a sair, a buscar outra escola. É assim que funciona o novo modelo do sistema educacional do Paraná, infelizmente.
Por esse motivo não quero ver a escola pública sendo privatizada. Os lucros ficam com a empresa, não com a comunidade escolar.
As instituições consideradas elegíveis, como é o caso do Colégio Ary, assim o foram por necessidades de aprimoramento pedagógico de acordo com a SEED. Mas, se esse fosse o caso do Colégio Ary de verdade, porquê obtivemos ótima classificação no resultado do IDEB a nível de núcleo regional?
Por ventura já se perguntaram quais são as empresas que vão "administrar as escolas"? A quem pertencem? Qual o valor do lucro de cada uma delas? Sim, porque nenhuma empresa trabalha de graça.
Outra questão é que de acordo com as explicações da SEED os professores e funcionários efetivos "continuarão em suas posições, enquanto as demais vagas serão preenchidas pelas instituições parceiras(quer dizer empresas), em regime CLT". Isto significa que o Estado está se omitindo na obrigação de abrir concurso para suprimento de vagas. Está também reconhecendo que não está oferecendo melhores condições de trabalho para os PSS, conforme ele mesmo explica no item valorização dos professores. A verdade é que, consequentemente, não terá gastos com o funcionalismo, sobrando mais dinheiro para o pagamento dessas empresas. Ou seja, o dinheiro de nossos impostos indo para as mãos de grandes empresários.
Eu não desejo que vendam o Colégio Ary João Dresch para uma empresa a preço de banana. Estamos vendo todos os dias como funciona a terceirização dos funcionários administrativos e da limpeza que trabalham no colégio. É um sistema injusto e precário. E não é culpa da direção, foi o governador quem quis assim. Então, senhores pais e responsáveis votem NÃO A PRIVATIZAÇÃO no dia que definirem a data para o processo de escolha, que será dentro em breve.
A escola, repito mais uma vez, deve ser pública e gratuita de acordo com a Constituição Federal e não o contrário. Defenda a escola do seu filho. Defenda o Colégio Ary, pois se ele for privatizado deixará de ser público. Pense nisso e nas consequências disso. Não existe parcialmente pública. Existe público ou privado. Existe universal e gratuita conforme DETERMINA a Constituição Federal de 1988 nos artigos 205; 206; 208; 212; e 214.
Espero, enfim, que ninguém se cale diante desse processo autoritário e destruidor do sistema público de ensino.
Maria Inez
Referência
Parceiro da escola | Governo do Estado do Paraná (parana.pr.gov.br)