Planeta Sustentável
quarta-feira, 20 de maio de 2015
quarta-feira, 13 de maio de 2015
PARA NÃO ESMORECER
Foto: Tiquinho - confronto dia 29/04/15 em Curitiba |
Maria Inez Rodrigues Pereira
A unidade é a forma de organizar
o trabalho para um único objetivo. Nós profissionais da educação, a partir da
nossa união, gritamos e dividimos os problemas que temos. Ao gritar, precisamos
ter atitude. Atitude para questionar aquilo que está nos incomodando. Não
podemos ficar indiferentes e abrir mão da nossa capacidade de conhecermos mais
e pensar sobre o que nos causa indignação e repúdio nas atitudes das pessoas
que deveriam estar do nosso lado pra nos defender. Entretanto, a ética não nos
permite acusar ou difamar os que se escondem na alienação da falta de
compromisso. Mas, é essa falta de compromisso que impede a unidade de um grupo
ou do coletivo na conquista de um objetivo.
A greve dos professores
paranaenses é um exemplo aos olhos do mundo de uma unidade nunca vista antes
por uma categoria que clama por seus direitos. Uma categoria que está
incomodando alguns políticos e que está chamando a atenção da população
paranaense para os desmandos de um governador que se acha o dono do Estado. Nossa
luta e nossa atitude estão buscando novas possibilidades de mudança para a
Educação e para as unidades escolares, bem como lutando pela garantia de nossos
direitos trabalhistas, além de melhores condições de trabalho. Não podemos nos
acomodar. Não podemos dar ouvidos aos ruídos que querem quebrar essa unidade,
pois, esses ruídos só têm um único objetivo, que é o de provocar desencontros e
desunião, para que não se chegue a lugar algum. Precisamos ter claros os pontos
que nos unem para permanecermos unidos e ainda mais fortalecidos.
Lembremo-nos de um pensamento de
Hans Jonas (1979), que diz: “Cuidado com
o que você faz porque isso poderá impedir o que as próximas gerações precisarão
para viver”. Então, não sejamos
indiferentes aos problemas de nossa categoria e a tudo o que estamos
enfrentando, achando que isso não vai te ferir, ou ferir os novos colegas que
virão. A responsabilidade em seguir
adiante numa luta que é de todos pode fazer a diferença na Educação de nossos
alunos e das futuras gerações, bem como no plano de carreira de todos nós e dos
futuros colegas professores.
Não nos esqueçamos, também, de
que estamos ministrando uma aula prática de consciência política e de
cidadania. E que nesta aula, que está acontecendo nas ruas de todas as cidades
do Paraná, precisa ser compreendida como o ato de promover a Educação de nossos alunos de
forma mais consciente, um ato de problematizar, ou seja, não apenas transmitir
conhecimentos ou verdades prontas, nem adestramento de habilidades como quer a
pedagogia neoliberal, mas estamos
ensinando hipóteses fundantes que podem estimular o pensamento crítico e a
prática emancipadora de nossos alunos.
Sabemos que educação é dever do
Estado e que é dele a responsabilidade de oferecer condições dignas de trabalho
e de infraestrutura nas instituições escolares. É por isso que estamos
defendendo primeiramente a Escola Pública, e em segundo lugar, o nosso direito
trabalhista.
A defesa de nossos direitos, que
foram duramente conquistados por inúmeras lutas e batalhas realizadas pelo
nosso sindicato e pela força da nossa união, não pode ser roubada de nós
professores, alunos e comunidade escolar sem nenhuma consequência para quem
usurpa nosso direito. Deste modo, a UNIDADE NA ADVERSIDADE é imprescindível nesse
momento. Não estamos lutando ou brigando por puro capricho, mas estamos lutando
por questões de direito garantidos por lei à nossa categoria e pela
sobrevivência da Escola Pública de qualidade. Não estamos do lado A ou B da
política como querem nos impor alguns. Estamos do lado da Educação, da Escola
Pública, do Servidor Público, dos alunos e de toda comunidade escolar. Por isso,
compreendamos a mensagem que nos deixou Paulo Freire quando disse: “Que é mesmo
a minha neutralidade senão a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder
minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? Lavar as mãos em face da
opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele.” (Paulo Freire)
Nossa maior lição agora é na rua e ao lado dos colegas. Vamos juntos e
unidos prosseguir lutando.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Resiliência
Resiliência
Maria Inez Rodrigues Pereira
A
dor no peito ainda é muito grande e a tristeza que consome a alma se derrama em
lágrimas pelo meu rosto. Insatisfação,
indignação, revolta, repúdio, nojo, decepção, enfim, sentimentos que não
consigo controlar e que vicejam no meu coração, motivados pelo descontentamento
de ter assistido um déspota avançar sobre professores, sem dó nem piedade,
ferindo-os com bombas, gás lacrimogênio e balas de borracha. Um ato insano e
desmedido que manchou de sangue, para sempre, a história do Paraná.
Haveremos de mudar esse quadro negro?...
Talvez sim, talvez não. Contudo a resiliência nos impulsiona a responder de
forma consistente, em sala de aula, esse grande desafio de educar para a
transformação social. Um motivo a mais
para o fortalecimento do trabalho coletivo dentro das escolas que, muitas
vezes, vejo enfraquecido no dia a dia do nosso trabalho docente. E ser resiliente neste caso é, de acordo com
Tavares(2002), “a capacidade de responder de forma mais consistente aos
desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação
diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista,
positiva e perseverante e mantendo o equilíbrio dinâmico durante e após os
embates- uma característica de personalidade que, ativada e desenvolvida,
possibilita ao sujeito superar-se e às pressões de seu mundo, desenvolver um
autoconceito realista, autoconfiança e
um senso de autoproteção que não desconsidera a abertura ao novo, à mudança, ao
outro e à realidade subjacente” Nesse contexto, porém, considero de extrema
importância manter o foco de nossos objetivos, ou seja, ensinar para
transformar, mesmo que isso leve algum tempo.
Entretanto, não
podemos nos resignar com as situações de perda ou ganho de alguma coisa, nesse
caso de direitos adquiridos e que nos foram usurpados, mas numa ação resiliente
responder a altura, com a competência de quem sabe educar para a democracia,
para a cidadania, para a política e, conforme defendeu Gramsci (1978), para preparar
a classe trabalhadora para ser dirigente do país. Ser resiliente é ter a capacidade de se recuperar a
partir de choques, ferimentos e traumas, ser resistente para enfrentar os
desafios.
O choro e as
lágrimas que derramamos são a imagem da nossa decepção com o ocorrido, mas não
podem atrapalhar nosso trabalho e muito menos nosso ideal na missão de formar
crianças, jovens e adultos por meio de uma educação de qualidade. Uma educação
que ultrapasse as barreiras do senso comum e conduza o cidadão à síntese do
conhecimento adquirido e incorporado por sua inteligência, fazendo-o capaz de
discernir entre o certo e o errado, entre o ter e o fazer, entre a ignorância e
o saber.
Portanto, o que
nos moverá de agora em diante, muito mais do que antes, é a chance de poder
continuar lutando por uma educação de qualidade. É a chance de poder continuar
ensinando, organizando conteúdos que farão a diferença na vida dos alunos que
estão sob nossa responsabilidade. Utopia?...Talvez, mas é delicioso sonhar. Por
isso, como disse Gandhi em suas lições de vida, "a verdadeira educação
consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que
livro melhor que o livro da humanidade?" Não percamos a chance de
valorizar nossa missão de ensinar. Não percamos o foco nem a nossa fé. Somos
PROFESSORES e nunca desistimos.
Sejamos fortes,
sejamos corajosos, sejamos resiliente, sejamos unidos e nos fortaleceremos
ainda mais.
sexta-feira, 1 de maio de 2015
ESSE DIA JAMAIS ESQUECEREMOS
Vinte e nove de abril de dois mil e quinze ficou marcado na história como um triste dia para os Servidores do Paraná. A trilha sonora que escolhi para servir de fundo as fotos deste vídeo é “Adágio", palavra que significa andamento, dito popular, aquilo que vem sendo repetido por muito tempo. Na música, porém, significa um andamento lento de harmonia quase fúnebre que expressa tristeza. Acredito que a música define muito bem o momento que nossos professores enfrentaram no dia de ontem, bem como o sentimento de todos nós que assistimos de longe a barbárie comandada pelo governador beto richa(com letras minúsculas).
Tristeza e indignação são os meus sentimentos. A história do Paraná foi manchada por um inconsequente que não sabe respeitar seus professores e que não sabe o significado de democracia, pois isso ficou evidente nas imagens de ontem. Como disse o jornalista Ricardo Boechat da Band " num concurso de cérebros, talvez o pit bull vença, comparado ao do governador do Estado, quando lança mão de uma PM truculenta pra fazer o que fez".
Quero prestar minha homenagem aos professores que estiveram lá no Centro Cívico, enfrentando com dignidade e bravura os brutamontes do beto richa. Vocês são o nosso Orgulho. ORGULHO DE SER PROFESSORA.
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