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Planeta Sustentável

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Discurso vazio???


Gostaria de fazer um pequeno comentário sobre uma reportagem publicada este mês na Revista Nova Escola intitulada o Blábláblá da Educação – discurso vazio, de Anderson Moço, Beatriz Santomauro e Beatriz Vichesi.
Os autores chamam nossa atenção para os jargões dos quais fazemos uso no nosso dia-a-dia, sem compreendermos direito essas expressões e, em que elas se baseiam. Em alguns casos até concordo com eles, mas em outros não.
O fato de que os professores estão mal preparados é de fácil constatação em muitos casos. No entanto, se o trabalho docente tornar-se equivocado deve-se ao fato de que a cada mudança de governo, mudam-se as políticas educacionais, por conseguinte, as tendências pedagógicas.
Aprender brincando, levantar os conhecimentos prévios, formar cidadãos, fazer avaliação formativa, trabalhar a interdisciplinaridade, etc., fazem parte de correntes filosóficas e tendências pedagógicas que devem embasar o trabalho docente e que buscam fortalecer, quando bem entendidas, aquilo que é específico da escola, ensinar. Porém, sabemos que a qualidade da nossa Educação vai de mal a pior, não só pelo fato de os professores não compreenderem as tendências educacionais, mas também porque estamos sendo massacrados pelos problemas sociais que estão afetando o desenvolvimento da aprendizagem dos nossos alunos. Esses problemas estão desembocando nas salas de aula das escolas públicas, trazendo conseqüências muito graves para a educação brasileira e que se apresentam nos resultados das avaliações.
Ensinar é o que deveria bastar para atingirmos os objetivos da educação, entretanto os baixos salários dos professores desfavorecem a participação da grande maioria em cursos de capacitação com qualidade e, também, na compra de livros específicos de fundamentação teórica. Então,o se pode esperar dos resultados da educação brasileira, quando esses fatores interferem no trabalho de sala de aula?
Acredito que não basta apenas dizer que a culpa disso tudo é do professor porque é mal capacitado, ou porque não sabe o que deve ensinar. É preciso, antes de tudo, procurar saber o que está provocando resultados tão negativos para nossa educação. Procurar saber, porque as escolas e secretarias municipais e estaduais têm que apresentar índices de aprovações elevados quando temos constatado que avançar o aluno sem que ele tenha os pré-requisitos necessários, de nada vai favorecê-lo nas outras etapas.
Penso que democratizar o ensino é dar condições para que o aluno tenha acesso ao conhecimento historicamente construído, de maneira que ele possa avançar para as etapas seguintes apresentando domínio desses conhecimentos e não apenas avança-lo achando que mais adiante ele irá amadurecer e, por isso, não devemos reprová-lo mesmo não estando totalmente preparado. O resultado disso está aparecendo nos profissionais que estamos lançando no mercado das diversas áreas, inclusive na área da educação. Isso é culpa só do professor?
Se o nosso discurso é vazio talvez seja porque acabamos nos perdendo, ou fizeram nos perder, daquilo que a escola nunca deveria ter deixado de fazer e fazer muito bem que é ensinar Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, etc.
Hoje, resolver problemas que não é específico da escola, tais como: programa do leite, bolsa família, entre outros, acabam por desviar aquilo que é fundamental para a escola fazer, ou seja, ensinar com qualidade.
Não podemos continuar fingindo que ensinamos e o nosso aluno fingir que aprende. As escolas públicas já foram bem melhores no passado quando se preocupavam apenas com o ensino. Como diz Saviane, “a transmissão dos instrumentos de acesso ao saber elaborado devem ser resistentes ao tempo tornando-se Clássico, ou seja, é pela mediação da escola que se dá a passagem do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita”.
Enquanto estivermos sendo induzidos a pensar apenas em “resultados” e “índices de aproveitamento”, a qualidade ficará apenas para uma classe da sociedade, enquanto que a grande maioria estará recebendo pela metade aquilo que teria direito.

Maria Inez Rodrigues

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