Maria Inez Rodrigues Pereira
O professor contemporâneo necessita mudança
quanto as práticas pedagógicas. Não basta conhecer conceitos e tendências é
preciso, também, ser investigativo, ter o hábito de ir além daquilo que os
conteúdos disciplinares podem conduzir.
Como aponta Garcia(1977) é preciso que o
professor aponte as limitações que existem no campo social, cultural e
econômico da sociedade, a partir de reflexões construídas por meio do diálogo
entre as ciências. Isso só pode acontecer, se o professor assumir a atitude de
investigador para produzir novos conhecimentos.
No entanto, Saviani(2011) considera que as
universidades falham na preparação desse professor pesquisador, pois, conforme aponta o
autor “se um curso é muito teórico, não há prática, e se é muito prático, não
há teoria”. Ou seja, é necessária a integração entre teoria e prática para que
a formação de professores comprometidos com a qualidade da educação seja
realmente efetiva e de qualidade.
Nesse sentido, o conjunto de características
que configuram a formação de professores se constitui nos seguintes itens:
a) integração entre teoria e prática por meio
dos estágios, que possibilitarão o exercício prático dos conceitos, teorias e
métodos de ensino;
b) atitude interdisciplinar que supere o conhecimento
disciplinar e fragmentado do saber;
c) humildade, coerência, diálogo e
desapego(Fazenda, 1999) para construir novos conhecimentos por meio da pesquisa
e que considere a relação do sujeito que aprende com o objeto de estudo.
Essas características são necessárias para os
desafios da educação contemporânea, que exigem do professor mudanças de
paradigmas em sua prática pedagógica.
Infelizmente, a formação do professor no
Brasil ainda é muito deficitária, pois não prepara o professor para ser
pesquisador e produzir novos conhecimentos, mas sim para reproduzir conceitos e
conteúdos que em nada ou quase nada contribuem para a transformação intelectual
e social do sujeito que aprende.
Frigotto(2008) aponta ser um “ desafio e um
problema” essa formação interdisciplinar, pois as bases de nossa educação é
disciplinar, muito embora não a desconsidere. Nesse contexto, o papel das
Universidades na formação de professores deve ser o de assegurar que a pesquisa
seja uma constante, uma vez que os problemas e desafios educacionais surgem a
cada dia.
Desse modo, a relação que o professor deve
ter com o conhecimento precisa ser transformada. Essa transformação precisa se dar por meio de uma atitude
investigativa que integre os conteúdos a serem ensinados com as outras
ciências.
Essa articulação, tão necessária à prática
docente, coloca o professor em uma posição de mediador no processo de ensino e
aprendizagem. Ou seja, numa posição de quem ensina e aprende junto com o aluno.
E isso serve, também, para as
universidades.
Conforme Garcia(1977) apontou, citando
Gimeno(1990) “quando falamos de formação de professores, estamos assumindo
determinadas posições” que não podem ser neutras nem
omissas, quanto a formação integral do aluno. Por isso, as características que
configuram a formação de professores, necessariamente, deve ser dinâmica,
versando pela integração entre teoria e
prática. Essa dinâmica possibilitará ao futuro professor formar um novo
conceito
entre conhecer e aprender, o que poderá
contribuir significativamente para uma prática pedagógica com mais qualidade.
Entretanto, essa formação não será de
qualidade se as universidades que preparam o professor não se comprometerem com
um ensino que priorize o pedagógico e o didático, o ensino e a pesquisa.
Somente a partir dessa práxis é que o
professor ganhará condições de lutar com as limitações de sua profissão, pois
estará produzindo novos conhecimentos a partir de um novo olhar para os
problemas da sociedade. E, com certeza, saberá relacionar os conhecimentos do
senso comum aos conhecimentos científicos, para uma efetiva transformação dos
sujeitos que aprendem.
É uma atividade fácil de ser realizada? Com certeza
não. Porém, é necessária para que a educação seja realmente formadora de
sujeitos transformadores da sociedade. E
esse papel é exclusivamente do professor que ensina, mas que também
aprende com seu aluno.
Desse modo, merece e precisa ter uma formação
de qualidade que o capacite para a práxis pedagógica.
REFERÊNCIAS
FAZENDA,
Ivani. Didática e interdisciplinaridade. 13. ed. Campinas: Papirus,
1998.
FAZENDA,
Ivani. Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez, 2001.
FRIGOTTO,
G. A formação e a profissionalização do educador: novos desafios, In: GENTILI,
P.; SILVA T. (orgs.)Escola S.A. Quem ganha e quem perde no mercado
educacional do neoliberalismo. Brasília: CNTE, 1996.
NÓVOA, A.
(Org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1995.
PIMENTA,
S. G. O estágio na formação de professores. São Paulo: Cortez, 1995.
SAVIANI,
Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores
Associados, 2008.